"Você foi um bom menino ou uma boa menina neste ano? Você sabe que o Papai Noel tem uma lista de meninos e meninas bonzinhos, né? E que se você não se comportar, você vai ficar sem presente!"
OK, provavelmente a criança não ficará
sem presente. Mas você já parou para pensar como, muitas vezes, a figura
do Papai Noel é apresentado como um grande legalista. Uma famosa música
nos EUA (“Santa Claus Is Coming to Town”) diz:
É melhor tomar cuidado / É melhor não chorar / Melhor não fazer bico / Vou dizer por que / O Papai Noel está chegando na cidade
Ele está fazendo uma lista / E verificando duas vezes / Ele vai descobrir quem foi bonzinho e quem foi malvado / O Papai Noel está chegando na cidade
E parece que muitos associam a visão do
Papai Noel com o Papai do Céu. Uma delas é o bom velhinho apático que
jamais enviaria alguém para o inferno e a outra, no outro extremo, é
aquela que propõe uma busca pelo favor de Deus baseado nos seus próprios
esforços (e não pela graça que há em Cristo Jesus) – sim, estou falando
de você, teologia da prosperidade. No vídeo abaixo, John Piper compara
esta concepção com a forma como nos achegamos a Deus através de Cristo.
Algumas clarificações
Como John Frame
aconselha “nada é mais importante em teologia do que o senso de
proporção”. Então, seguem algumas clarificações para mantermos um
equilíbrio saudável:
1) Deus oferece aceitação gratuita
através do evangelho. Todavia, todo pecador que não se arrepende e crê
em Cristo tem a ira de Deus permanecendo sobre ele. “Por isso, quem
crê no Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se mantém rebelde contra
o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus.” (Jo
3:36)
2) Não somos salvos pelas obras ou pela
prática da Lei, mas pela graça através da fé (Ef 2:8-9), mas isso não
significa que Deus não tem interesse nenhum em nossas obras, afinal Ele
nos “criou em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas” (Ef 2:10).
3) Apesar de Deus ter nos amado quando
estávamos em delitos e pecados (Ef 2:1), com um amor supra-condicional
(é, eu não disse incondicional; veja aqui e aqui
o porquê) e nada que façamos possa aumentar ou diminuir esse amor,
nossa experiência desse amor é condicionada a nossa obediência (Jo 14:
21,23). Abaixo segue uma tabela retirada do livro de Holiness by Grace: Delighting in the Joy That Is Our Strength de Bryan Chapell (Crossway, 2001 – via justintaylor) que deixa essa questão mais clara:
O que pode mudar | O que não pode mudar |
Nossa comunhão com Deus | Nossa filiação |
Nossa experiência das bênçãos de Deus | O desejo de Deus pelo nosso bem |
Nossa segurança do amor de Deus | As afeições de Deus por nós |
O deleite de Deus em nossas ações | O amor de Deus por nós |
A disciplina de Deus | Nosso futuro |
Nosso sentimento de culpa | Nossa segurança |
Transcrição
“É melhor prestar atenção, é melhor não
chorar, é melhor não fazer bico. Vou dizer por que: Papai Noel está
chegando.” “Então, tome jeito!” Essas não são boas notícias para mim.
São más notícias. Nada de evangelho nessas notícias! Você vai para
aquele “templo” encontrar com seu tesouro se você quiser, mas eu tenho
notícias melhores para você, notícias muito melhores para pecadores! e
todos estão pecando mesmo nesta “época de boas ações”. Todo mundo! Você
não será bonzinho! E se Ele souber o que você está fazendo, você já era!
E nós já éramos!
Então eu tenho um templo melhor para
você. Segunda escolha: você pode escolher a maneira de Jesus de se
conectar com Deus. O templo de Jesus. O templo do Papai Noel ou o templo
de Jesus. “Eu entrego minha vida pelas ovelhas.” “Eu tenho autoridade
para tomá-la de volta.” “Destrua este templo e em três dias eu o
levantarei.” Jesus é o novo local de encontro com Deus. E Ele não diz:
“melhor prestar atenção, melhor não chorar, melhor não gritar, vou dizer
por que…” Ele não diz isso. Ele diz: “Todo aquele que vem a mim, eu
jamais o lançarei fora.” Estas são boas notícias. São boas notícias
natalinas. É o melhor presente de Natal que você jamais poderia receber.